No atual contexto socioeconómico, com a inflação e taxas de juro em níveis muito acima do habitual, o estrangulamento financeiro de muitas famílias, sobretudo em Portugal, atinge níveis cada vez mais preocupantes. E é precisamente em fases como esta que atravessamos que o papel das empresas
assume uma maior relevância.
Tal como nos tempos de pandemia, em que foram realizados esforços extraordinários para manter os postos de trabalho dos colaboradores, também agora são necessárias medidas e iniciativas que ajudem a alavancar o rendimento mensal líquido das famílias, em especial das que auferem menores rendimentos.
Justificam-se, por isso, políticas de aumentos salariais ajustadas à atual realidade, tais como, aumentos mais acentuados em faixas salariais mais baixas, definição de níveis superiores de salário mínimo dentro das próprias empresas, aproveitamento máximo dos limites de isenção fiscal dos subsídios de alimentação, entre outros.
Não menos importante serão iniciativas promovidas pelas empresas para apoio das famílias, como ações de formação sobre gestão das finanças pessoais e apoio psicológico aos colaboradores, sobretudo aqueles que revelem sinais de alguma fragilidade em matéria de saúde mental.
Acredito que estas e outras iniciativas podem fazer a diferença na vida das pessoas. É certo que muitas empresas se deparam com dificuldades, agora agravadas com as alterações à legislação laboral, mas há também muitas que poderão abdicar, de forma controlada, de alguma rentabilidade imediata. Estas medidas podem representar um custo adicional, mas deve ser considerado como um investimento no futuro das próprias empresas. Pessoas reconhecidas e motivadas serão sempre mais produtivas e estarão mais disponíveis para retribuir em momentos críticos da vida das empresas.
Artigo publicado pelo Jornal Expresso.