Nessun Dorma!
O futuro da transformação do trabalho é um processo já em marcha a interpretação deste facto como uma boa ou má notícia é inteiramente subjetiva. Isto porque os números são sugestivos, os objetivos são claros e as alternativas não são muitas. Aquilo que cada um de nós será em 2025, é apenas o resultado das decisões e escolhas que faremos no curto/médio prazo.
Começando pelos números: dados do último relatório do Fórum Económico Mundial (FEM) indicam que a disputa pelo trabalho entre homens e máquinas não deixa de crescer, levando a que, até 2025, cerca de 85 milhões de postos de trabalho venham a desaparecer pela força e comodidade da automação. Contudo, o Fórum estima que a nova divisão do trabalho, que juntará máquinas, humanos e algoritmos, seja capaz de criar 97 milhões de novos empregos. Fruto dessas previsões, o FEM estima também que, em média, as empresas venham a dispensar 6% das suas task forces.
Para os que ficam nos quadros, espera-se que um em cada dois trabalhadores necessitem de reskilling, ou seja, de se requalificarem para o mercado de trabalho. Por outro lado, aqueles que consigam manter o seu posto atual terão também de investir novamente no seu currículo e “atualizar” cerca de 40% das suas competências.
Os objetivos: o mesmo relatório do FEM deixa também claro que o espírito analítico e crítico, a criatividade e a flexibilidade serão as competências-chave para as oportunidades que irão surgir. Dessas, a grande maioria irá girar em torno da gestão de dados, inteligência artificial, criação de conteúdo e computação em cloud.
Para apanhar o comboio da mudança é preciso chegar a horas à estação.
É por isso urgente a implementação de um plano governativo estratégico e com visão a longo prazo, que tenha em conta o papel vital do sistema educativo, que premeie as boas práticas empresariais e que incentive a uma colaboração mutuamente benéfica entre estes dois pilares de uma sociedade desenvolvida. As alternativas? Não são muitas. Se o facto de ocuparmos a Terra não a impede de girar sem nós, esta marcha de mudança também acontecerá com ou sem plateia. Cabe a cada um de nós decidir se queremos ficar a ver a banda passar ou ser premiados no fim do percurso.
Artigo Expresso Economia, Junho 2021