À medida que as organizações se debatem com a decisão de adotar uma abordagem remota ou de se manterem fiéis às práticas tradicionais no local de trabalho, está em curso uma mudança sísmica que irá remodelar o panorama do emprego nos próximos anos.
De um lado do campo de batalha, os defensores do trabalho remoto argumentam que este oferece inúmeras vantagens, tanto para os candidatos como para as empresas. No entanto, os defensores do trabalho presencial não se movem pelos argumentos que existem, embora não os consigam refutar. A guerra intensifica-se à medida que tanto os candidatos como os empregadores se esforçam por encontrar um equilíbrio entre o trabalho remoto e o trabalho presencial. Algumas organizações optam por adotar uma abordagem híbrida de escolhas flexíveis, combinando o melhor dos dois mundos.
A verdade é que existe uma elevada procura de profissionais para áreas especializadas – como é o caso de IT – e que a maior parte das empresas desta área já se renderam ao teletrabalho. Logicamente, isto vem intensificar a competitividade entre organizações: se as pessoas preferem flexibilidade e uma empresa não o oferece, é normal que os candidatos acabem por optar por uma outra concorrente.
À medida que esta tendência continua a moldar o mercado de trabalho de IT, os candidatos e os empregadores têm de se adaptar e evoluir. A configuração tradicional de escritório das nove às seis já não é uma opção, sendo pouco viável e atrativa para a captação e retenção de talento. Esta discussão de trabalho remoto vs trabalho presencial está longe de terminar ou ter um fim definitivo, mas é cada vez mais importante sensibilizar as organizações para a possível perda de vantagem competitiva dentro do seu mercado.
Na nossa experiência, quando abordamos e entrevistamos candidatos – independentemente do seu perfil técnico – os clientes que se tornam mais atrativos são os que disponibilizam uma maior flexibilidade no trabalho híbrido e sobretudo, os que têm disponibilidade para posições totalmente remotas. É uma das primeiras perguntas colocadas e um deal breaker desde o início das conversações ou então, na reta final de negociação.
Os clientes que não disponibilizam este regime mais flexível e mantêm uma obrigatoriedade de regime presencial, têm mais dificuldade em captar o interesse do talento existente e aberto a mudanças, assim como aqueles que se mostram interessados facilmente desistem do processo de recrutamento por outras oportunidades mais apetecíveis no que toca ao regime de trabalho.
Dado tudo o que temos experienciado, concluímos que a adaptabilidade é a chave para extrair o máximo potencial do mercado de trabalho atual e prosperar no futuro que cada vez mais se torna digital, dinâmico e inovador.
Artigo publicado pelo Novo Semanário.