Desigualdades na infância condicionam futuro profissional  

Diário de Notícias • mai. 13, 2022

Conferência: Crianças de comunidades mais desfavorecidas têm menos acesso à educação e ao desenvolvimento do seu potencial. Situação que se mantém aquando da passagem para o mercado de trabalho. O Estado não se pode demitir do seu papel de "educador" e as empresas têm de olhar para além de apenas as habilitações. As desigualdades da infância acompanham a criança ao longo da sua vida e têm impacto direto nas suas escolhas de instrução e na sua carreira profissional. Foi desta forma e com a apresentação de um cenário que é negro, que teve início a conferência“Trabalho e Mérito - as oportunidades são para todos?”, organizada pela Kelly, que tentou dar resposta a questões como se a meritocracia é um mito, se valorizamos e potenciamos o talento da melhor forma e se formamos os profissionais de que precisamos.

Maria Azevedo, co-founder & head of Program TeachforPortugal, um programa que quer assegurar que nenhuma criança é deixada para trás devido ao código postal da sua residência. Porque, como afirmou a executiva, Portugal, dentro da OCDE, é dos países onde a condição socioeconómica mais condiciona os resultados escolares dos alunos. E isso começa logo com o nível de escolaridade das mães que tem impacto direto nas notas de Português e Matemática. Por incrível que pareça 47,8% dos portugueses com idades entre os 25 e os 64 anos não terminaram o secundário. São pessoas que, muitas delas, ainda estão no ativo. E que são (ou vão ser) os pais da futura geração de jovens.



A verdade é que “o sucesso escolar de uma criança é fortemente influenciado por aquilo que são um conjunto de fatores alheios ao seu próprio esforço”. Mas que acabam por condicionar o seu futuro enquanto profissionais no ativo. As crianças de comunidades desfavorecidas têm dificuldades acrescidas e, com isso, “têm uma probabilidade cinco vezes superior de chumbar ao longo do seu percurso estudantil, quando comparados com alunos de comunidades mais favorecidas".

Pior ainda. São crianças que ou não têm acesso à educação ou, a determinado ponto, acreditam que não são capazes de seguir em frente. 55% dos filhos de trabalhadores manuais tornam-se eles mesmos trabalhadores manuais. E isso tem impacto quer no percurso profissional, quer no nível salarial. Maria Azevedo alertou que a desigualdade sentida durante o percurso escolar se mantém no mercado de trabalho. E não é algo que se resolva facilmente. “Em Portugal são necessárias cerca de cinco gerações para que crianças nascidas em famílias com rendimentos mais baixos alcancem o rendimento médio.” Situação que foi, na opinião de Fernando Seabra, agravada com a massificação do ensino universitário. Porquê? Porque fez com que as famílias gastassem as suas poupanças e fomentou o endividamento familiar.

E tudo isto leva a que, atualmente, o mercado enfrente uma carência de mão de obra qualificada (mas também indiferenciada), como constatou António Saraiva, presidente da CIP. É incontornável. Há falta de profissionais, nomeadamente nas áreas tecnológicas e de saúde, destacou Vanda Brito, da Kelly. Uma procura que a pandemia acentuou. E se é certo que há profissões que irão desaparecer- seja pela automação seja porque deixam de fazer sentido no novo mundo -o executivo também refere que surgirão outras tantas. O que leva António Saraiva a defender a qualificação e requalificação dos “nossos” recursos humanos. Uma solução - para contornar as desigualdades- solução defendida pela IKEA, como apontou Rita Távora, é a de dar mais valor aos valores e não tanto às qualificações. Porque essa empresa pode ajudar a conquistar. Por outro lado, defendeu Vanda Brito, os recrutadores podem também optar por não selecionar sempre as mesmas universidades e, com isso, ajudar a não perpetuar estas desigualdades.

O tema dos recursos humanos em Portugal está infimamente ligado ao salário. E se é certo que as empresas têm tentado acompanhar, mesmo porque precisam de reter o talento, o certo é que, como realçou a executiva da Kelly, o investimento estrangeiro no nosso país -que é muito bem-vindo-colocou uma pressão extra no tecido empresarial português, constituído maioritariamente por micro e pequenas empresas. Painel teve a moderação de Rosália Amorim, diretora do DN.

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