Nessun Dorma!
O sítio de onde vimos não deveria afetar para onde vamos. Este é o princípio basilar do elevador social — a metáfora relativa à igualdade de oportunidades, com base apenas num fator: o do mérito.
Em qualquer país que queira um elevador social a funcionar de forma eficaz e exemplar, há uma sequência de botões a acionar para evitar avarias: o da educação, o da meritocracia e o da igualdade. É nas escolas que tudo começa, mas onde o princípio da igualdade mais falhas revela, nomeadamente no acesso ao ensino, onde facilmente se separam os pobres dos ricos. Provas não faltam de que as pessoas dos 10% a 15% da classe mais pobre demoram muito mais tempo a progredir na sua vida ativa.
Um outro desafio reside na transição entre a vida académica e o mundo laboral: as profissões que mais formamos não são as que o país mais necessita. Aqui, a responsabilidade é partilhada e pede soluções, conjuntas, para nos tornamos mais qualificados e competitivos.
Somos um país com histórico conhecido de privilégios dados às ‘cunhas’ e círculos sociais bem planeados
Chegamos ao botão mais deteriorado dos três: o da meritocracia. Somos um país com histórico conhecido de privilégios dados às ‘cunhas’ e círculos sociais bem planeados e onde não faltam exemplos de profissões que, numa democracia, valem mais do que outras — basta pensar que um professor em final de carreira recebe tanto como um juiz no seu primeiro ano de magistratura.
Por fim, a igualdade, pilar de uma sociedade moderna e do qual não nos faltam motivos de orgulho — temos cada vez mais empresas, públicas e privadas, a fazerem-se representar equitativamente nos seus quadros operacionais e de gestão. Sobre este tema, falta-nos apenas a capacidade para estender o conceito da igualdade às pessoas com deficiência, com vista a um tecido laboral mais justo e equilibrado, mas igualmente competente.
A Kelly vai debater o elevador social português no próximo dia 5 de maio, em Lisboa. Despeço-me, convidando-vos a estar presentes.