Faz sentido? Faz. É um modelo benéfico e com resultados comprovados na produtividade e felicidade dos trabalhadores? Sem dúvida. É o momento certo para equacionar a sua implementação? Talvez não.
A semana de trabalho de quatro dias subiu para o palco imediato de forma pouco genuína. Tenhamos, desde já, em conta que o tema — e respetivo mediatismo - surgiu em plena campanha eleitoral, o que facilita a compreensão da relação entre um tema e o seu contexto. Fora isso, tentemos perceber o porquê de este modelo não ser exequível, neste momento em específico, em Portugal. São vários os motivos:
É unânime e comprovada a teoria de que mais horas de trabalho não se traduzem em maior produtividade. Mas há um trabalho de casa mais urgente a fazer – que passa por recuperar dos danos que ainda estão por apurar do impacto da pandemia.
Não me interpretem mal: a semana de 4 dias é um modelo que merece análise, debate e acima de tudo a vontade de perceber como e onde o aplicar. O contexto será sempre parte essencial da conversa.
Estes desafiantes últimos dois anos provaram ser uma oportunidade para falarmos do que pode ser o futuro do trabalho. Isso é algo que já retiramos de positivo e que vai marcar as conversas futuras. Precisamente por isso, necessitamos de um realismo capaz de abordar este assunto com a atenção e cuidado, mais do que o reduzir as soundbites de uma campanha eleitoral.