As empresas estão a apostar num novo tipo de crescimento humanizado  

Joana Gama, Kelly Marketing Manager, Entrevista para a Human Resources • jan. 08, 2022

A forma de trabalhar mudou. Mas será que a maneira como as empresas e os colaboradores se posicionam hoje no mercado de trabalho também sofreu alterações? Até que ponto a atracção e retenção de talentos ganhou novos contornos? Joana Gama, marketing manager da Kelly analisa o tema, destacando prioridades da parte das empresas e anseios por parte dos profissionais.

Entrevista para a Human Resources, jornalista Ana Leonor Martins e Sandra M. Pinto

Se antes da pandemia alguma mudança se estava a efectivar no universo de trabalho, depois de Fevereiro de 2020 tudo se precipitou. Joana Gama fala no aparecimento da Humanized Growth, «onde as necessidade dos colaboradores, clientes, stakeholders e comunidade são atendidas de uma forma mais holística».​

Qual é a importância dos valores das marcas e das empresas na atracção de talentos, actualmente?
De extrema importância. Uma marca empregadora que tenha definida uma estratégia para o EVP (Employee Value Proposition) terá mais ferramentas estratégicas utilizadas para atrair e reter os melhores profissionais. Os valores das marcas estão directamente relacionados à reputação de uma empresa, aos valores vividos e comunicados, à proposta de valor aos funcionários e à percepção externa sobre como é trabalhar lá. Desta forma, influenciam directamente a força como marca empregadora, impactando directa ou indirectamente o sucesso na atração de talentos. Profissionais das gerações Y e Z estão ainda mais atentos a estas questões, o que exige das empresas este foco.
Hoje, é difícil diferenciar o que chamamos de ‘Marca Empregadora’ (marca enquanto experiência de trabalho) da Marca Funcional/Mercadológica (de produtos e serviços) e Marca Institucional (da organização/empresa). Cada vez mais os públicos se cruzam, ou seja, temos pessoas que representam mais de dois papéis entre os de candidato, colaborador e cliente. É portanto, crucial que as três marcas tenham consistência entre si, mas mais do que isso, que as empresas ajam conforme comunicam – Walk the Talk.

O contexto de pandemia veio alterar as preferências dos profissionais na altura de escolher onde trabalhar? Diz-se que, hoje, o tema do modelo de trabalho é o mais perguntado pelos candidatos nas entrevistas de emprego, logo a seguir ao salário. Isso significa que temas como cultura, valores ou propósito estão “a perder terreno”?

Desde o inicio da pandemia que a forma de trabalhar mudou/evoluiu drasticamente. Temas relacionados com a flexibilidade, trabalho remoto, equilíbrio entre a vida pessoal e profissional estão hoje na linha da frente de tomada de decisão de um candidato no momento de escolha do empregador. No entanto, esta nova forma de “viver” o trabalho, não significa que a cultura – ou os valores – de uma empresa, e muito menos o propósito, estejam a ser desvalorizados, pelo contrário: vários estudos têm revelado um aumento da procura por empresas de cultura humana, aberta, diversa e conectada. Na maioria das empresas é unânime os desafios que surgiram na comunicação e vivência da cultura e valores internos, principalmente nas empresas que têm hoje um modelo de trabalho remoto ou parcialmente remoto. No entanto, o tecido empresarial tem se reinventado e superado na sua capacidade de adaptação, encontrando novas forma de comunicar e envolver os seus colaboradores.

O que é que os talentos querem das empresas, actualmente? O que mais valorizam?

As organizações têm vindo cada vez mais a adaptar-se às novas tendências do mercado, nomeadamente no que diz respeito às motivações dos candidatos, por forma a corresponder mais rapidamente aos seus resultados. Embora uma melhoria salarial seja sempre um motivo forte que leva os candidatos a ponderarem uma mudança de projecto, já não é o suficiente para atrair os mesmos. Actualmente – e de uma forma genérica – a maioria dos profissionais procuram empresas que tenham:


• Pacote salarial competitivo
• Flexibilidade no horário e local de trabalho (quando aplicável à função)
• Planos claros e estruturados de desenvolvimento profissional e pessoal
• Empresas que valorizem e prezem o bem-estar físico e mental
• Bom ambiente de trabalho

E é nisso que as empresas estão a apostar?

As empresas estão atentas e sabem onde devem apostar. Organizações que não oferecem possibilidade de crescimento, que não reconhecem resultados ou são pouco preocupadas com questões sociais, terão dificuldades em atrair e reter talento nesta nova era do mundo do trabalho. Se analisarmos as empresas que mais se destacam nos rankings das melhores para trabalhar, reparamos que as que melhor se adaptaram àquilo que os profissionais valorizam são as que apresentam os melhores resultados económicos no mercado. É actualmente muito claro que no novo contexto trabalho que vivemos, tão diferente as últimas décadas, é insustentável gerir pessoas com foco na alta produtividade sem que consideremos as próprias pessoas o activo mais importante da empresa.

Quais são, hoje, as prioridades das empresas no âmbito da Gestão de Pessoas?

• Redução do turnover
• Retenção do os colaboradores
• Inclusão, equidade e diversidade
• Foco na saúde mental dos colaboradores
• Actualização dos fringe benefits e salário emocional

Diria que estão mais virados “para fora” ou “para dentro”?

Ambos, por estarem interligados. As empresas estão cada vez mais a apostar num novo tipo de crescimento humanizado: Leading Humanized Growth, onde as necessidade dos colaboradores, clientes, stakeholders e comunidade são atendidas de uma forma mais holística. Uma vez que as empresas ocupam uma posição de liderança nas mudanças socioeconómicas, estas conexões mais humanizadas colocam-nas num espaço único e privilegiado, onde conseguem reconhecer de forma directa das necessidades de todos estes públicos com quem se relacionam e impactam, os que lhes permite mais criar maior valor para todos.

Como é que as iniciativas internas criam um maior engagement por parte dos colaboradores?

Existem várias estratégias internas que podem ser adoptadas para reforçar uma cultura de marca empregadora mais atractiva e que promovam maior conexão entre as equipas e a empresa, especialmente hoje que vivemos num mundo mais distante fisicamente. Foco as abordagens que, na minha perspetiva, são prioritárias para um maior engagement:
• Investimento num plano de onboarding diferencial – mesmo que online;
• Redesenhar a experiência interna – mapa de experiência de colaborador, identificando os gaps e pontos de atenção;
• Desenvolver novos canais e fontes digitais de contacto com os colaboradores;
• Criar novos rituais, garantindo pontos de contato com as equipas e empresa, em momentos pós-laborais e eventos outdoor de CSR.

Os departamentos de RH das empresas estão suficientemente sensibilizados para a importância de não descurar este âmbito?

Mais do que nunca as empresas estão focadas nos seus colaboradores e cultura interna. A construção de uma cultura forte, assente na autenticidade e valor das suas pessoas é crucial para o sucesso, disto não há actualmente dúvidas. Empresas que pré-pandemia descuraram a sua cultura e não fortaleceram o sentido de pertença, pagam hoje a factura (cara), porque que o trabalho remoto fragilizou e expôs essa carência de forma inegável.

 

Que tendências perspectiva neste âmbito?

Acredito que estejamos a caminhar cada vez mais para ambientes de trabalho menos hierárquicos, que empoderam as pessoas, a sua autenticidade e reforcem o seu valor. Teremos culturas de trabalho diversas, inclusivas e essencialmente mais abertas a inovações e iniciativas, que poderão potencializar experiências positivas às pessoas e clientes (como consequência). Empresas visionárias como a Google apostam cada vez mais na descentralização do poder e numa maior autonomia dos colaboradores, em cenários de empowerment, que otimizam o trabalho e o contribuem para uma melhor gestão de tempo (tão precioso para todos).

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