Os estereótipos relacionados com a idade são sistémicos e traduzem-se em todos os aspetos da nossa vida, tornando-se, por exemplo, um fator de grande peso no momento da escolha entre diferentes candidatos no mundo do trabalho.
“Os preconceitos, na verdade, começam na sociedade . Nós temos preconceitos enraizados socialmente que nos foram incutidos desde sempre. E, portanto, a cultura organizacional também bebeu muito desta informação e acabou por enraizá-la culturalmente”, explica Rita Mexia, membro do comitê de Equity@Work da Kelly Portugal.
“Quando falamos de ageism, falamos de um fenómeno que tem a ver com pensamento e a prática que pessoas de diferentes idades têm relativamente a outras também com diferentes idades ”, diz José Ferreira Alves, professor da Universidade do Minho e investigador da área do ageism, o que se traduz, no fundo, na forma como discriminamos uma pessoa com base na sua idade.
São diversas as ideias – erradas – adjacentes a estas duas faixas etárias no mundo do trabalho: desde o jovem que tem pouca ou nenhuma experiência e por isso não saberá o que fazer, até ao adulto que parece já não trazer novas competências e será um custo mais elevado para a empresa.
No entanto, perpetuar este tipo de pensamento significa limitar o sucesso de qualquer empresa. Independentemente da área ou indústria em questão, a diversidade é um fator-chave para gerar ideias e abordagens informadas, com base em diferentes pontos de vista e experiências . Rita Mexia reforça a importância da mudança de olhar que tem de ser feita relativamente a este tema no mundo do trabalho: “temos de ajustar a lente”.
“Os mais novos trazem mais valias para as empresas, pela sua energia e dinâmica , e os mais velhos têm a maturidade , a experiência e tranquilidade , que podem criar sinergias bastante interessantes entre equipas ”, explica. Em especial quando estamos perante um fenómeno que afeta a vida social, profissional e pessoal destas duas faixas etárias.
Equipas diversificadas apresentam abordagens mais completas na resolução de problemas e um ambiente de trabalho bastante diversificado , através de diferentes pontos de vista, ajudando a alargar o espetro de possíveis soluções e inovações. Além disto, estas duas faixas etárias têm muito a aprender uma com a outra e complementam-se, permitindo o desenvolvimento de ambos.
Artigo da autoria: Sara Moutinho Lopes 3 de Abril, 2023 para RH Magazine.
Ver episódio sobre Ageism no podcast Humanamente Falando.