A responsável de recrutamento da consultora de RH lamenta que, apesar de esta ser «uma das gerações academicamente mais formadas», é também uma em que «os jovens acabam por ficar mais vulneráveis muitas vezes devido ao seu vínculo contratual e à sua menor experiência profissional». Torna-se, por isso, cada vez mais premente planear o futuro:
Se, para uns, a pandemia trouxe limitações, para outros trouxe oportunidades. É o caso das áreas tecnológicas, financeiras, marketing e recursos humanos, onde mais facilmente se abrem «portas de entrada para muitos jovens da vida profissional» e se propiciam «oportunidades para ganhar experiência profissional», até porque, realça Rita Simões, «o conceito de emprego mudou, já não se procura emprego para a vida».
Segundo a Rita Simões, a aposta no talento jovem e com menor experiência é mais propícia do que nas restantes, especialmente nas áreas das tecnologias, onde existe uma enorme escassez de profissionais, razão pela qual têm sido criadas academias para ajudar a formar cada vez mais profissionais e suprir esta necessidade, pelo que mesmo sem experiência prévia, existe a possibilidade de os jovens apostarem nesta carreira.
E acrescenta «o mesmo acontece nas engenharias, onde a procura por profissionais qualificados continua em alta. Adicionalmente, Centros de Serviços Partilhados, que operam a partir de Portugal para o resto do mundo apostam muito em talento jovem. Muitas das vagas na área Financeira, em Compras ou RH têm sido preenchidas por jovens talentos com pouca ou nenhuma experiência profissional, pois estas empresas apostam no crescimento profissional e valorização das soft skills».
A National Manager | CCenter & Shared Services da Kelly Services refere «se falarmos em empregos nas áreas Financeira, RH ou Compras, para candidatos sem experiência profissional, começam a rondar os 1000 a 1200 euros mensais. Nas áreas tecnológicas os vencimentos são mais elevados. A escassez de profissionais e o aumento na sua procura disparou os vencimentos estes perfis. Os vencimentos dependem naturalmente das áreas, mas são sempre salários acima da média dos outros sectores».
No que toca ao perfil humano dos candidatos, características como capacidade de adaptação, resiliência, flexibilidade, criatividade, aptidão para trabalhar em equipa – mas também autonomia – são transversalmente valorizadas em qualquer empresa que procure talento jovem. Também a empatia, embora não seja requisito obrigatório a certos perfis, é um nice-to-have.
«O voluntariado é um dos mais valorizados. Apoiar uma causa e oferecer o nosso tempo à mesma é algo inestimável», aponta desde logo Rita Simões, referindo também que «cursos de idiomas estrangeiros, nomeadamente francês, italiano ou alemão, sem descurar o Inglês, que é vital nos dias de hoje» são igualmente valorizados.
Por fim, «candidatos que tenham tido a possibilidade de viajar, ou que tenham actividades desportivas, associativas ou até mesmo os próprios hobbies são também importantes, visto que são uma expressão da própria pessoa».